Por Conor Sweeney
MOSCOU (Reuters) - Munidas não apenas de armas, mas também de agências de relações públicas, a Rússia e a Geórgia travam uma guerra de propaganda para conquistar a opinião pública nacional e internacional com um fluxo constante de fatos controversos sobre o conflito.
Os combates se iniciaram depois que a Geórgia tentou retomar o controle da Ossétia do Sul, uma pequena província separatista russa, na quinta-feira à noite. A Rússia enviou tanques e tropas para a fronteira com a Geórgia, ao sul, para forçar o recuo das tropas de Tbilisi.
Os dois lados contrataram especialistas em relações públicas baseados em Bruxelas que organizaram uma série de conferências para a imprensa nos últimos dias, com autoridades do alto escalão dos dois países tentando transmitir a própria versão da história primeiro.
A Rússia quer convencer o mundo de seu papel como intervencionista contra um descontrolado presidente da Geórgia, cujas forças foram responsáveis pela limpeza étnica contra o povo da Ossétia do Sul.
A Geórgia, por sua vez, se descreve como um pequeno país lutando contra a grande potência russa e sofrendo uma injusta punição do Kremlim devido às suas aspirações de se tornar uma democracia ocidental e aliada da Otan.
O presidente geórgio, Mikheil Saakashvili, procurou rapidamente convencer o mundo de sua luta em entrevistas para redes de televisão com transmissão mundial, como CNN e BBC, dizendo que seu país estava "em guerra" com a Rússia e apelando por ajuda ocidental.
Mas a manobra não ajudou a esclarecer os principais fatos em disputa.
Cada lado acusa o outro de atingir a população civil, mas os números divulgados de mortos e feridos são muito divergentes.
BOLETINS TELEVISIVOS
Nos canais de televisão da Rússia, grandes manchetes anunciam um "genocídio" na Ossétia do Sul, com imagens de mulheres chorando, prédios bombardeados e crianças assustadas editadas em uma rápida sucessão de imagens.
Na Geórgia, apenas um canal de televisão estava operando no início do conflito e todos os sites russos na Internet foram brevemente bloqueados, mas já estavam disponíveis novamente no domingo à tarde.
O número de mortos também é controverso. As autoridades da Ossétia do Sul disseram que pelo menos 1400 pessoas morreram na primeira noite de ataques de artilharia, mas ainda não comprovaram este dado.
Os separatistas também dizem que cerca de 30 mil refugiados fugiram para o norte, mas outras informações apontam que o número real chega apenas a uma fração deste total.
Com a intensificação do conflito, a Geórgia acusou a Rússia de estar por trás de uma operação liderada pelos militares separatistas para reconquistar território da Geórgia, mas o governo russo negou qualquer envolvimento.
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